segunda-feira, 25 de abril de 2016

Teste de Resiliência


Há pouco mais de 2 anos tenho me dedicado com afinco às corridas de rua e montanha e conquistei de bônus uma vida mais saudável.
Em julho de 2015 completei minha primeira maratona, distância que  parecia  inatingível. De lá para cá, além dos exames médicos que estão sempre em dia, fiz novos amigos que vivem na mesma frequência. Acordar antes das 6 da manhã para fazer um longão aos finais de semana não é um problema, já que a endorfina ao final do treino compensa todo o esforço e a disciplina.
Neste primeiro semestre eu estava procurando uma boa maratona para participar na segunda metade do ano. Várias provas estavam no radar, quando recebi um e-mail informando sobre a loteria da maratona de Chicago. Hesitei por uns instantes, e logo tomei uma respiração profunda e me inscrevi no sorteio, afinal seria uma estréia em provas internacionais e em uma cidade lindíssima que tive o prazer de conhecer em 2008.
O resultado do sorteio foi marcado para dia 21.04, feriado de Tiradentes no Brasil.
Chegado o dia D, acordei antes das 6 como de contume para treinar com  amigos e vizinhos de condomínio. Treino feito, durante o café da manhã com minha esposa, lhe convidei a abrirmos juntos o e-mail. E segura a ansiedade. Ficamos muito felizes com a mensagem que começava com "Congratulations". 
 
Nossa que sorte, pensei, quantos corredores tem a oportunidade de participar de uma prova dessas? Imediatamente começamos a fazer planos, afinal a viagem começa bem antes de pisar no avião.
Neste mesmo dia, pouco antes do almoço, eu estava com as crianças, brincando no térreo, quando em um descuido torci o pé e fui ao chão.
A dor foi fora do comum. O inchaço veio na hora. Pensei em gelo, muito gelo. Nem ele aliviou a dor. Não queria acreditar, fui ao pronto socorro para que confirmassem um entorce, uma lesão mais leve, ligamentos, sei lá. Evitava pensar em fratura, entretanto a imagem do raio-X foi implacável, fratura do quinto metatarso.
 
O filme das consequências passou rápido pela minha cabeça, viagens a trabalho canceladas, provas de corrida canceladas, rotina de treinos suspensa, viagem com as crianças ao Beto Carrero nem pensar, além de todos os problemas com mobilidade, já que imobilizar era mandatório. O doutor alertou: não apoie este pé no chão em hipótese alguma. O plantonista também disse que princípio não se faz necessário cirurgia, mas irei ao orto para confirmar.
As vezes a vida é assim, lhe dá uma alegria, como o sorteio da inscrição da maratona de Chicago, e depois lhe tira com tudo, neste caso algumas horas depois quebro o pé e tenho que parar toda uma rotina de vida por um tempo que ainda não sei ao certo.
Não há reclamação e nem mimimi, acredito e sigo em frente, um dia após o outro, com apoio da Rubia e com mais empatia e respeito à todos que sofrem com qualquer problema de mobilidade.